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3ª Temporada Circulação da Balbúrdia – Evandro Coggo Cristofoletti

Atualizado: 1 de out. de 2021


Segundo encontro da terceira temporada do Çirculação da Balbúrdia foi realizado pela EFoP em 04 de agosto de 2021 com sobre "A atuação das Think Tanks liberais na universidade".


Continuando as atividades do Circulação da Balbúrdia, a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora Vânia Bambirra (EFoP) promoveu um debate com a presença de Evandro Coggo Cristofoletti sobre a atuação das think tanks liberais nas universidades públicas, que foi o tema da tese de doutorado do pesquisador. A tese está disponível na nossa biblioteca.


Evandro é doutor em Política Científica e Tecnológica pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e membro do Laboratório de Estudos do Setor Público da FCA-Unicamp (LESP-FCA) e do Grupo de Análise de Política de Inovação (GAPI) do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp. Também é mestre em Política Científica e Tecnológica e Bacharel em Gestão de Políticas Públicas pela UNICAMP.


Na sua apresentação, Evandro retomou historicamente a origem dos institutos liberais e dos think tanks, que fazem parte do movimento intelectual neoliberal. Iniciando pela Sociedade Mont Pelerin, passando por outras como a Atlas University, o Students for Liberty e o Institute of Economic Affairs. Ele procurou debater como e por que os think tanks atuam no ensino superior.


Essas organizações chegam no Brasil em 1980, quando o projeto neoliberal aparece com mais força no país. Foram criadas instituições como Instituto Millenium, Instituto Liberal de São Paulo, Instituto Liberdade, Instituto de Formação de líderes e Instituto Mises Brasil.


Principalmente nos últimos dez anos, os think tanks liberais vem expandindo quantitativamente e qualitativamente suas iniciativas voltadas ao campo da educação superior e da academia, contribuindo com os processos de mercantilização e privatização do ensino superior e das universidades públicas no Brasil. Eles têm uma agenda para a educação superior que inclui a privatização irrestrita da educação superior e da ciência. A desregulamentação do setor, cobrança de mensalidades em todas as instituições, vouchers como forma de assistência estudantil e ensino domiciliar são algumas das pautas específicas.


Evandro ressalta que os Think Tanks são aparelhos de hegemonia que conectam a agenda da nova direita e os processos históricos de mercantilização do ensino superior com o campo do ensino superior. Desta forma, a pesquisa aborda algumas questões como: por que os think tanks liberais atuam no campo do ensino superior e da ciência? Quais as motivações e objetivos desta atuação? Como procuram disputar a agenda da formação, da pesquisa, da extensão e da política universitária/acadêmica? Como a atuação dos institutos no campo do ensino superior e da ciência integra-se com o cenário atual de reforço dos projetos ultraliberais e conservadores?


Os resultados da pesquisa de Evandro demonstram que os institutos liberais brasileiros vem aumentando sua atuação no campo da educação superior, eles se aproximam do campo acadêmico a fim de formar e recrutar lideranças políticas, especialistas e intelectuais orgânicos. Além disso, apoiados nas narrativas sobre “doutrinação de esquerda” nas faculdades e universidades, bem como defendendo agendas de privatização no ensino superior e na ciência, os think tanks liberais buscam inserir suas perspectivas teóricas, políticas e ideológicas nas agendas de ensino, pesquisa, extensão e política universitária. Como aparelhos privados de hegemonia, tais organizações contribuem, organicamente, nos processos de mercantilização e privatização do ensino superior e da universidade pública, defendendo projetos de educação e ciência que vão nesta direção.


Alguns Think Tanks desenvolvem projetos voltados diretamente para os estudantes universitários, como o Instituto Millenium com o IMIL na escola, que organizou mais de 120 palestras em universidades.


Evandro apresentou mais informações sobre alguns dos Think Tanks, como Atlas Network, Instituto Millenium, Instituto Mises Brasil e Students for Liberty a partir dos sites dessas organizações. Foi possível observar o nível de articulação entre eles e alguns de seus membros, entre outras informações. No caso do Students for Liberty Brasil, eles são de fato uma filial da organização norte americana, oferecem diversos cursos, inclusive sobre como atuar politicamente em universidades para disseminar o liberalismo. Ele é responsável por treinar lideranças liberais no âmbito da graduação e pós-graduação no país. Essa organização que treinou os primeiros membros do MBL, que depois se separaram.


Na segunda parte da atividade, foram debatidas perguntas e comentários dos participantes, incluindo o tema da relação entre as Think Tanks e as Empresas Juniores nas universidades, as formas de financiamento das Think Tanks, a relação deles com o movimento estudantil, entre outros assuntos. Você pode conferir todas as questões e a apresentação completa assistindo o registro em vídeo disponível no canal da EFOP no YouTube.




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