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Grupo de Estudos - Teoria Marxista da Dependência (2021)

Atualizado: 28 de mar. de 2022

O Reformismo e a Contrarrevolução: estudos sobre o Chile - Ruy Mauro Marini


Como continuidade das atividades do grupo de estudos em Teoria Marxista da Dependência (TMD), iniciado em 2018 e ligado à Cátedra Teoria Marxista da Dependência e Imperialismo na América Latina (AL), a Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora (EFOP) organizou o estudo do livro “O Reformismo e a Contrarrevolução: estudos sobre o Chile”, de Ruy Mauro Marini. Participaram dos encontros cerca de 15 pessoas interessadas nesse debate e que já haviam feito contato com a escola durante os eventos realizados no ano de 2020. Com reuniões quinzenais, a mediação foi feita pelos participantes de forma alternada. Ao todo, foram 5 encontros, sendo o primeiro, em 02/03, para organização do grupo e escolha do texto.


A escolha por esta obra foi guiada pelo eixo que irá nortear a pesquisa do grupo ao longo deste ano: a necessidade de aprofundar o entendimento da categoria de imperialismo e de compreender as determinantes para a transição ao socialismo. Ambos os aspectos estão intimamente ligados.


O livro conta com uma série de textos do Marini, datados nos anos de governo da Unidade Popular (UP) no Chile, durante as tensões anteriores ao golpe que instalou a ditadura empresarial-militar comandada por Augusto Pinochet e ainda no decorrer de alguns meses após a guinada autoritária em setembro de 1973. Neles, o teórico reúne a máxima densidade teórica, sem perder de vista a disposição de análises de conjuntura extremamente profundas e concretas da realidade chilena.


Essa coletânea apresenta uma série de textos que, de maneira geral, se desenvolvem a partir do debate acerca das razões para o fracasso do projeto guiado pela UP. Em primeiro lugar, é preciso caracterizar os condicionantes que levaram o projeto allendista ao governo. Essa vitória se explica, em parte, pela crise interna que havia se instalado no Chile na década de 1960, que ficou marcada pelas disputas inter-burguesas. No campo eleitoral, esses interesses eram representados pelo Partido Nacional e a Democracia Cristã.


Somado a isso, dentro da esquerda, as saídas para a construção do socialismo no Chile também não eram um consenso. Por um lado, o Partido Comunista (PC) Chileno e a UP, por sua compreensão “etapista” da revolução, aceitavam em certa medida o sistema de dominação burguês, estabelecendo alianças com a Democracia Cristã e com setores privados no interior do aparelho governamental. Por outro, como os membros do Movimiento de Izquierda Revolucionária (MIR), compreendiam a necessidade de se aproveitar da crise inter-burguesa para pressionar por uma correlação de forças mais favorável à esquerda, apostando no movimento de massas.


Dessa leitura acerca da forma como se encontrava a burguesia no Chile, bem como a aposta da UP junto ao PC no aparelho de estado burguês, decorre uma série de análises críticas de Marini. Com textos escritos no “calor da hora”, mas ainda sim, extremamente precisos, o revolucionário trata de temas como a aproximação com setores das forças armadas durante o governo da UP, o caráter e as mudanças na estrutura industrial chilena, as particularidades da pequena burguesia no país, a formação de compromissos com setores da Democracia Cristã e a fragilidade do projeto econômico proposto pela UP.


Estes textos fazem refletir sobre a centralidade do imperialismo para a formulação da estratégia socialista, contrapondo as teses etapistas de desenvolvimento do capitalismo na América Latina com a compreensão radical da TMD. Além disso, a obra também suscita a importância desta assertividade teórica de Marini, que se forja na luta de massas, para apresentar saídas verdadeiramente emancipatórias para um continente como o nosso, marcado pela superexploração da força de trabalho.

O grupo seguirá avançando nos estudos, com o livro “Diez años de insurrección en America Latina" organizado por Vânia Bambirra a partir de 03/05.





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