Edição de Outubro
Sobre o autor:
Salvador Guillermo Allende nasceu em Santiago, no Chile, em 1908, e aos 18 anos ingressou na faculdade de medicina da universidade do Chile. Em seu trabalho de conclusão de curso, escreveu sobre a relação entre higiene mental e delinquência. Sua militância política e interesse pelo marxismo começa nessa época. Atuou como presidente do Centro de Estudantes de Medicina e dirigiu o grupo de esquerda Avance, participando de manifestações contra o governo ditatorial do Carlos Ibañez. Aos 25 anos, fundou o Partido Socialista do Chile (PSL). Ocupou cargos públicos e no partido nas décadas de 1930 e 1940. Ao longo de sua carreira política visitou países do bloco socialista, como a União Soviética. Estabelece amizade com Fidel Castro e mantém contato com Che Guevara. Allende foi o primeiro socialista marxista a ser eleito democraticamente como presidente da República e chefe de Estado na América.
Sobre a obra:
Este livro reúne os principais discursos de Salvador Allende, organizados pelo professor e filósofo brasileiro Vladimir Safatle. O prefácio foi escrito pelo atual presidente chileno, Gabriel Boric, e posfácio do pesquisador Rodrigo Karmy Bolton, que busca retratar o contexto histórico-social para que a Unidad Popular tenha surgido, assim como seu líder, Salvador Allende. Sem esse contexto, é de fato incompreensível entender como surgiu um projeto socialista para o Chile sem o contexto onde as massas de operários e camponeses eram afetadas pelas crises, com pouca influência na vida política nacional e que progressivamente, a partir de 1925, ganham mais corpo.
Este livro percorre o arco entre 1970, com a eleição de Allende, até 1973, com o último discurso proferido no palácio do governo sitiado durante o golpe militar orquestrado pelo general Augusto Pinochet.
A famosa “via chilena socialista” proposta por Allende, proferida no Discurso do Estádio Nacional em 1970, buscava diferenciar do modelo cubano por sua estratégia: não seria através da revolução violenta que se daria a tomada de poder, segundo Allende a singularidade do contexto chileno deveria ser de forma pacífica, por canais legais dessa mesma institucionalidade, partindo dela própria. Através de uma democracia econômica, a qual perturbou a pequena burguesia chilena e o imperialismo estadunidense Essa premissa é a base da ação de Allende, e as propostas para chegar ao socialismo consistiram nos seguintes pontos:
Nacionalização das áreas "chave" da economia;
Nacionalização da Grande Mineração de Cobre;
Aceleração da reforma agrária;
Congelamento de preços de mercadorias;
Aumento da remuneração de todos os trabalhadores, remunerando-os com emissão de boletos;
Modificação (com clima de euforia econômica) da constituição e criação de uma câmara única.
Através de reformas implementadas em seu governo, tais como a estatização do cobre de julho de 1971 resultou em conflitos especialmente com os Estados Unidos, e o resultado dos bloqueios aplicados pelo país imperialista é denunciado no discurso de 1972 de Allende, nas Nações Unidas (ONU).
Allende morre no Palácio de la Moneda, no momento do bombardeio do golpe militar e teve um funeral apenas em 1990, no Cemitério Geral de Santiago.
Termina seu discurso final com as seguintes palavras:
“Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Essas são minhas últimas palavras. Tenho a certeza de que o meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a felonia, a covardia e a traição.” (p. 160)
Obras complementares:
“O reformismo e a contrarrevolução: estudos sobre o Chile”, Ruy Mauro Marini
“Nossa América”, José Martí
“Noturno do chile”, Roberto Bolaño
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